Mercado SaaS deve crescer 20% ao ano com a digitalização de pequenas e médias empresas
Postado por Redação em 20/06/2023 em NotíciasBrasil conta com mais de 6 milhões de PMEs; soluções tecnológicas de software como serviço ainda não são usadas nem por 5% delas, demonstrando uma fatia do setor a ser conquistada
A aposta das empresas na digitalização é algo bastante recorrente nos últimos anos, ainda mais depois da pandemia da Covid, que ajudou a impulsionar esse movimento. Porém, ainda há uma importante fatia do mercado para ser conquistada, principalmente entre as pequenas e médias empresas, que têm mais facilidade em promover transformações e apostar em soluções online.
Hoje no Brasil, existem mais de 6 milhões de pequenas e médias empresas, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Destas, nem 5% utilizam o sistema SaaS (Software as a Service), algo que poderia ajudar a otimizar os trabalhos e baratear os custos dos serviços oferecidos. Diante desta realidade, especialistas analisam que o mercado de SaaS ainda tem espaço para crescer em torno de 20% ao ano no Brasil, nos próximos cinco anos.
Esta projeção é confirmada por pesquisas. De acordo com um levantamento do Google, feito com 1,5 mil empresas brasileiras, em 2022, a procura por tecnologias SaaS teve um crescimento de 19,1%. Já o estudo Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups, realizado pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups) durante os meses de agosto e setembro de 2021, com uma amostra de 2,5 mil startups, 41% delas adotam o software como serviço como modelo de negócio.
“Tivemos uma primeira geração de SaaS, trazida pelas grandes empresas de software, que já cobravam licenças mensais pelos seus serviços. Agora que isso ocorreu com uma frequência maior, com a entrada de startups oferecendo softwares específicos, muitos empreendedores pequenos passaram a apostar nessas soluções, com os setores de nicho sendo melhor atendidos. Dentro do mercado B2B, hoje a maioria das soluções são SaaS. As empresas não precisam dedicar grande parte dos seus orçamentos para investir num software próprio. O SaaS é o maior modelo de negócio em diversos países, pois consegue oferecer um acompanhamento mais próximo dos trabalhos e mais escalável”, destaca Pierre Schurmann, CEO e fundador do Grupo Nuvini, que conta com empresas SaaS em seu portfólio e está sempre buscando por mais startups que possam ser incorporadas ao seu ecossistema.
Crescimento em pequenas e médias empresas
Schurmann relata que muitas pequenas e médias empresas ainda não utilizam a tecnologia SaaS por não saberem os benefícios que ela pode promover aos seus negócios, como maior controle de custos, automatização de processos burocráticos e ganho maior de escalabilidade. Especialmente para companhias de nicho, como o caso da Ipe Digital, que fornece um software de gestão voltado a óticas.
“Em 2014, percebi que o modelo SaaS era interessante para este mercado em que atuo, por trazer mais flexibilidade e um nível de segurança muito maior. Eu olhava para isso e pensava que precisava sair de problemas que já conheço e ir para um mundo que me traga mais segurança e escalabilidade. Hoje, os clientes percebem que esse modelo não tem custos de manutenção de software, além de precisar manter um servidor na loja. Diante disso, temos registrado um crescimento médio de 40 a 45% ao ano, com uma base de 5 mil clientes”, relata Rafael Barros, CEO da Ipe Digital, que faz parte do Grupo Nuvini.
O mesmo tem acontecido com a Effecti, startup especializada em desenvolver automação para fornecedores participantes de licitações. A empresa tem registrado um crescimento de 30% a 40% ao ano, apostando em micro e pequenas empresas. “Os softwares mais nichados trazem soluções para o modelo SaaS, criando um mercado que era inexistente. Arrisco dizer que vamos ter, nos próximos cinco anos, um crescimento que vai beirar a casa de 50% a 60% ao ano, no volume de contratações de modelos SaaS em todo o mercado brasileiro. Principalmente nos próximos dois anos, com um crescimento bastante acelerado”, aposta Fernando Salla, CEO da Effecti, também pertencente ao Grupo Nuvini.
Seguindo a tendência de mercados internacionais
Segundo os especialistas, o Brasil tende a seguir mercados internacionais que já estão mais consolidados com o modelo SaaS. Principalmente os emergentes, como Indonésia e Malásia, onde a tendência é ter um maior volume de PMEs.
“O Brasil segue muito o que todo mundo faz lá fora, a diferença é que sempre estamos atrasados. Antigamente, o ‘copia e cola’ demorava décadas. Agora demora dias. O que funciona fora do país, a gente se inspira e cresce junto. O mercado está sofrendo uma transformação muito grande. A Inteligência Artificial (IA) está vindo junto com as plataformas SaaS. Antes, as soluções SaaS entregavam o serviço, que dependia de pessoas do outro lado da linha para tomar decisões. Agora, com a IA, essas plataformas podem oferecer, além do serviço, também a tomada de decisão, o que pode ajudar a escalar ainda mais o mercado”, pontua André Leão, CEO da Datahub, plataforma de Big Data & Analytics do Grupo Nuvini.
União em ecossistemas e novas tecnologias
O crescimento do mercado SaaS também demonstra uma tendência: a união de soluções em um único ecossistema, para conseguir ajudar as empresas com diversas soluções diferentes, tornando tudo mais automatizado e eficiente.
"As tecnologias estão cada vez mais modernas e ágeis para realizar integração entre elas, portanto esse ecossistema de integração está proporcionando entregas cada vez mais completas e robustas para os clientes. Está cada vez mais caro, para nós como fornecedores, desenvolver novas tecnologias, pois existem muitas possibilidades no mercado. E para o consumidor final, o benefício é grande, pois como as tecnologias estão se comunicando muito, os softwares conseguem fazer entregas incríveis com um custo reduzido por conta dessa integração. Por isso, acredito que se unir com empresas diferentes é a solução para conseguirmos, todos juntos, atingir mercados diferentes e expandir o fornecimento de soluções SaaS”, ressalta Guilherme Honório, CEO da SmartNX, primeira plataforma CX as a Service do Brasil, pertencente ao Grupo Nuvini, que desenvolve soluções inteligentes para conectar empresas e consumidores por meio de uma plataforma omnicanal.
Outro fator que deve ajudar a impulsionar o SaaS no Brasil são as novas tecnologias que continuam surgindo no mercado. Incluindo a IA, que hoje se encontra em grandes debates, por conta do sucesso da plataforma ChatGPT.
“Com certeza isso abalou bastante o mercado, mas ainda é cedo para estimar o quanto teremos de impacto diante dessa nova tecnologia. Porém, arrisco dizer que será bastante grande. As empresas SaaS estão sempre antenadas com o que surge de novo e passam a estudar formas de incorporar isso aos seus serviços. Por isso teremos que analisar o quanto isso irá impactar no setor daqui a um ou dois anos”, conclui Pierre Schurmann.