Ganhos com a digitalização do supply chain em crises
Postado por Genésio Lemos Couto, Head de suprimentos, TI e comunicação da Atvos em 30/07/2020 em Artigos
Como a pandemia testou o nível de maturidade digital das empresas
A pandemia chegou e, da noite para o dia, as áreas de supply chain das indústrias se depararam com incertezas na continuidade operacional de vários setores e com uma rotina completamente diferente.
O segmento de bioenergia, classificado como atividade essencial, teve que se adaptar a uma nova dinâmica, com os profissionais das áreas administrativas trabalhando remotamente e grande parte do efetivo atuando presencialmente nas unidades industriais e no campo. Manter a cadeia de suprimentos em pleno funcionamento em uma crise com efeitos desconhecidos é certamente um ótimo teste para conferir a eficácia e eficiência da digitalização em uma empresa.
Nesse momento, não há dúvidas de que ter os processos digitalizados é uma vantagem. Com a possibilidade de acessar as demandas de qualquer lugar, o isolamento imediato das equipes de compras não interrompe o abastecimento da empresa. Ponto para quem já estava com nível de transformação digital avançado.
O segundo desafio trazido pela pandemia foi adquirir produtos específicos que não constam na relação usual de suprimentos. Com o agravante de que esses itens precisam estar acessíveis o mais rápido possível em diferentes localidades, com logística sintonizada. Para garantir a segurança de quem está trabalhando, máscara, vacina e termômetros assumiram o topo da lista de itens essenciais e prioritários.
A área de compras deixa, então, de acessar um de seus principais ativos que é o total domínio e conhecimento de seus fornecedores e mercados. São dados acumulados com o tempo que permitem realizar escolhas estratégicas para a empresa. Sem um repertório de informações robusto, a confiança nos processos passa a ser um dos principais suportes dos decisores.
Essa confiabilidade só existe se você tem testadas todas as etapas e se os riscos e vulnerabilidades estão identificados. Ter um sistema estabilizado é crucial, principalmente se essa plataforma tecnológica integrar diferentes áreas como comercial, logística, industrial, agrícola, administrativa, financeira e recursos humanos. Em momentos de adversidade, a constância é crucial, pois oferece um ambiente seguro para as equipes.
Outra ferramenta de apoio para quem está na linha de frente e que garante total transparência nas contratações, é ter um portal de relacionamento com fornecedores em que é possível visualizar as solicitações de cotações, responder e checar os pedidos de compras.
A poucos meses do início da pandemia, compradores e parceiros contratados já tinham passado por uma curva de aprendizado de mais de um ano com essas novas plataformas e processos. Isso fez toda diferença no momento de contornar situações imprevisíveis.
No entanto, com novas necessidades, foi preciso buscar novos fornecedores. A digitalização certamente ajudou as empresas a acessar melhor as ofertas. Fornecedores digitalizados, por sua vez, com controle de estoques, prazos de entrega e documentação, conseguiram se apresentar com prontidão e se beneficiar da alta demanda. É um exemplo real da digitalização como vantagem competitiva.
Porém, o que se encontrou foram muitas empresas sem qualquer experiência ou em estágios iniciais de maturidade de digitalização. Infelizmente, as pequenas e médias empresas constataram, na prática, que não é possível se conectar automaticamente.
Em geral, os fornecedores passam por um processo de homologação que envolve due diligence, aceite dos códigos de conduta e ética, apuração de critérios ambientais, sociais e trabalhistas. Com a digitalização, os riscos estão conhecidos e a atuação conjunta entre suprimentos e compliance flui com mais celeridade e permite flexibilização com responsabilidade, condizente com as urgências de resposta em crises. Essa é outra vantagem da digitalização.
Estar digitalizado mostrou ser muito útil em circunstâncias inesperadas e trouxe a segurança necessária para os tomadores de decisão em um ambiente dinâmico. Como em qualquer crise, a hora é de executar. Não significa que ainda é tarde para planejar ou iniciar esse movimento.