ERP liderando a melhoria contínua
Postado por Rodney Repullo, CEO da Magic Software Brasil em 18/01/2022 em ArtigosA necessidade de informatização dos processos de negócios é bem antiga. Desde os tempos dos mainframes, mas com as tecnologias disponíveis antes da década 1970, não era possível que as empresas tivessem acessos aos modelos de sistema de gestão que conhecemos hoje.
O ERP (Enterprise resource planning) atual evoluiu muito nos últimos anos e muitos outros sistemas nasceram para complementá-lo, seja para o relacionamento com os clientes, com o CRM (Customer Relationship Management), para o controle da manufatura, com o MES (Manufacturing Execution System), entre outros, para vários estágios de um negócio.
A evolução dos negócios foi acompanhada também da evolução tecnológica e hoje temos uma infinidade de aplicações de software que podem ser conectados ao ERP para complementar o processos de gestão de uma empresa. As aplicações em nuvem e as suportadas pela mobilidade empresarial são predominantes e os sistemas ERP necessitam ter uma comunicação com eles.
O desafio é descobrir como otimizar processos de forma consistente e aumentar a produtividade quando se usa diversas aplicações diferentes que não possuem integração nativa entre si. E quando pensamos nas indústrias e setores que buscam automatizar máquinas através do uso de dispositivos de Internet das Coisas, as coisas ficam ainda mais complexas.
Qualquer empresa de sucesso depende de sistemas para realizar o trabalho, antes manual, dos processos de negócios. Além das tecnologias já mencionadas, como o MES e o CRM, ainda temos o QM (Quality Mold), MM (Modeling Methodology) ou PLM (Product Lifecycle Management) que se relacionam diretamente com o chão de fábrica, mas também outros sistemas legados que cobrem o negócio mais amplamente, além do próprio ERP, que pode estar rodando em servidores locais ou em nuvem.
Muitos sistemas usados, muitos dados gerados
Com a complexidade dos negócios em franca expansão, diversos sistemas são utilizados para tarefas específicas. Isso gera uma enorme quantidade de dados que necessitam transitar entre os sistemas. Mas, como garantir a agilidade nesta comunicação e na qualidade dos dados relacionados? Tudo nos traz a questão da agilidade e, como o ERP, é o núcleo da gestão dos processos empresariais, ele ganha um papel vital para o sucesso desta jornada em qualquer tipo e tamanho de empresa.
É neste ponto que a melhoria contínua é a peça chave. Consolidar todos esses dados díspares em um único ciclo de feedback para informar, de forma consistente, o planejamento e a estratégia em curto e longo prazo. Podemos pensar da seguinte forma: as equipes podem tomar decisões rápidas com base em dados, mas estes dados necessitam estar disponíveis facilmente a todos e com qualidade.
Ao mesmo tempo, os líderes e o alto escalão da empresa também têm todas as informações necessárias ao seu alcance para tomar decisões estratégicas e aprimorar a organização no longo prazo. O resultado é uma operação empresarial mais produtiva, eficiente e sustentável. Para muitas organizações, a verdadeira melhoria contínua ainda não foi totalmente alcançada. Abaixo, examinamos como isso pode ser feito.
Pontos de desafios
Um grande obstáculo para a implementação de melhorias contínuas é a abundância de sistemas de dados em silos diversos que as empresas de manufatura possuem: ERP, MES, QM, SCM, CRM, dados de dispositivos IoT (Internet das Coisas) - e a lista continua.
Coletar os dados de todas essas fontes e entendê-los exige uma quantidade significativa de mão de obra, tornando impossível observar o desempenho em tempo real. A introdução de tecnologias emergentes como IoT (Internet das Coisas Industrial), robótica e Inteligência Artificial também pode complicar ainda mais as coisas, pois fornecem novas fontes de dados que precisam ser gerenciadas adequadamente.
O resultado é que os fabricantes têm pouca visibilidade do desempenho diário no chão de fábrica. Isso tem um efeito indireto em todos os aspectos do negócio, incluindo entrega no prazo (OTD), planejamento de estoque e a capacidade dos líderes de tomar decisões operacionais eficazes. A organização ainda pode ser capaz de funcionar, mas estará longe de ter uma operação enxuta, engenhosa e eficiente que poderia ser. É aqui que o esforço para implementar e manter a melhoria contínua pode fazer toda a diferença.
Melhoria contínua para a produtividade
A melhoria contínua é um dos pilares básicos da manufatura enxuta, uma metodologia que enfatiza a minimização do desperdício e, ao mesmo tempo, a maximização da produtividade. Tornar-se uma organização enxuta tem uma influência direta e positiva na eficiência e resultados, contribuindo, em última instância, para o aprimoramento do sucesso do negócio. Abaixo temos um breve resumo dos cinco princípios da manufatura enxuta.
1 - Identifique o valor sob a perspectiva do cliente. Entenda o valor que os clientes atribuem a seus produtos e serviços e, portanto, quanto ele está disposto a pagar. Em seguida, elimine o desperdício no processo de fabricação para que o preço desejado pelo cliente possa ser atendido, enquanto se obtém o lucro máximo para a empresa;
2 - Mapeie o fluxo de valor. Obtenha uma compreensão abrangente das informações e materiais necessários para produzir um produto específico. Isso significa examinar todo o ciclo de vida do produto e descobrir como o desperdício pode ser eliminado em cada estágio possível;
3 - Crie um fluxo. Certifique-se de que todos os processos de produção sejam tão eficientes quanto possível. Isso exige que as indústrias identifiquem quaisquer interrupções em potencial e possam avançar em processos integrados para evitar que se tornem um problema;
4 - Estabeleça um sistema pull. Só comece um novo trabalho quando houver demanda. Isso é o oposto de um sistema push, onde os produtos são fabricados para atender à demanda estimada. Essas previsões são frequentemente imprecisas, levando a inconsistência na produção;
5 - Busque a perfeição por meio da melhoria contínua. Busque constantemente a perfeição nos processos de fabricação. Isso significa monitorar de perto o desempenho de todos os equipamentos e sistemas de gerenciamento de dados em todos os momentos, permitindo a rápida identificação e correção de problemas.
Efetivamente, a melhoria contínua é a peça final do quebra-cabeça de uma manufatura enxuta e que garante à organização estar sempre alerta quando se trata de otimizar processos, reduzindo desperdícios e melhorando a produtividade.
Fazendo acontecer
A melhoria contínua é o ideal, mas torná-la realidade é um grande desafio. Uma organização pode ter um certo nível de compreensão de como seus sistemas funcionam e os dados que eles produzem, mas ainda há muito mais trabalho a ser feito para unificar adequadamente essas informações e obter uma visão holística de como cada sistema e item de maquinário está funcionando.
Criar o ciclo de feedback significa incorporar tecnologia que vai além das limitações dos sistemas legados. A melhoria contínua não pode ser verdadeiramente adotada se os dados isolados permanecerem sendo um problema. Então, qualquer solução que uma empresa adote deve ser capaz de integrar de forma consistente e confiável cada ponto de dados em um único painel, que os líderes possam usar para conduzir análises, tomar decisões importantes e planejar mais efetivamente.
Também é crucial a capacidade de coletar dados em tempo real em todas as áreas da empresa, incluindo o chão de fábrica nas indústrias e pontos de logística, para que as equipes operacionais possam manter o controle das tarefas e do desempenho, como reparos de equipamentos, movimentação de estoque ou testes de qualidade. Os sistemas legados geralmente são incapazes de fornecer esse nível de velocidade e visibilidade e, por isso, é importante que os líderes adotem novas tecnologias que sejam capazes de oferecer isso.
Uma nova era brilhante para o ERP em tempos de inovação
Alcançar o Santo Graal da melhoria contínua exige muito trabalho, mas com a abordagem certa, a tarefa não é de forma alguma intransponível. Visualizar o ciclo de feedback é uma boa maneira de entender o que precisa ser feito: uma vez que se tenha uma compreensão de todos os seus sistemas díspares e como integrá-los, o sonho da manufatura enxuta se tornará realidade.
Foto: Rodney Repullo, CEO da Magic Software Brasil