Quais erros evitar em projetos de IoT
Postado por Alan Keler Baldo, Gerente Executivo de Tecnologia da green4T em 31/10/2022 em ArtigosA internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) tem recebido atenção extra da mídia com o início do 5G ao Brasil e gerado uma nova onda de interesse no meio corporativo.
Um estudo da consultoria International Data Corporation (IDC), mostra que os investimentos das empresas brasileiras em IoT vão crescer 17,6% em 2022, na comparação com 2021, chegando a US? 1,6 bilhão. O documento aponta que esse movimento inclui tanto empresas iniciantes, quanto aquelas que já têm projetos em andamento. Para as que estão aderindo agora, ter a oportunidade de aprender com experiências pioneiras se mostra muito importante para evitar o desperdício de recursos e aproveitar todo o potencial da tecnologia.
Vale lembrarmos aqui que nem todos os setores do mercado estão no mesmo patamar de desenvolvimento na área de IoT. Segundo a curva de Hype da Gartner - criada para medir o grau de maturidade de novas tecnologias, entre 2012 e 2015 -, a tecnologia atingiu o pico de expectativas com um período de grande foco, principalmente, em produtos voltados ao consumidor final.
Foi só a partir de 2018, que as indústrias e negócios B2B começaram a desenvolver casos de uso de IoT, em atividades como monitoramento de equipamentos industriais, produção de energia e micromobilidade em bicicletas, patinetes elétricos e outros veículos similares de aluguel, por exemplo. Por isso, o que se sabe até hoje sobre o assunto é resultado do estudo dos casos desenvolvidos durante esse tempo, em diferentes setores.
Diante disso, trouxe a seguir quais são os oito erros que sua empresa deve evitar fazer em projetos que envolvam IoT e como você pode evitá-los.
1. O que motiva a escolha por IoT e para quê ela serve?
Não opte pela tecnologia apenas pela moda, sem um motivo claro e uma estratégia que justifique o investimento. É preciso saber qual problema se quer resolver e, em seguida, identificar qual será o valor gerado para a empresa e/ou para os clientes. Com isso, é possível calcular se o custo compensa.
2. Falta de experiência técnica
Um dos principais erros cometidos pelas empresas na hora de implantar projetos de IoT é subestimar a complexidade envolvida no processo. Projetos de IoT exigem uma gama ampla de conhecimentos técnicos distintos e uma liderança capaz de alinhar e coordenar os esforços das equipes envolvidas, garantindo que todos estejam na mesma página, cumprindo prazos e seguindo padrões pré-estabelecidos.
Entre as questões a se considerar estão a segurança online, o design dos dispositivos, o papel de cada um deles no sistema, o uso de energia, protocolos de conectividade, a interface digital e a integração de cada uma das partes ao todo. Uma falha em um dos componentes desse complexo sistema pode comprometer todo o resultado.
3. Visão limitada dos efeitos sistêmicos
É comum pensar que um projeto de IoT se limita às áreas de TI, desenvolvimento de produto e engenharia. Projetos de IoT bem-sucedidos têm potencial para transformar a estrutura e o modelo de negócios de uma empresa.
Ao vender um serviço de conectividade atrelado a um produto, por exemplo, a empresa precisa garantir que suas equipes de logística estejam preparadas para monitorar e fazer manutenção na infraestrutura de IoT, substituindo peças ou equipamentos antes da interrupção do serviço. Da mesma forma, a área de atendimento aos clientes precisa saber como responder a uma série de novas dúvidas potenciais dos clientes.
4. Solução nota 10, confiabilidade 0
Uma vez colocadas em funcionamento, soluções de IoT podem gerar prejuízos financeiros consideráveis em caso de falhas. Por isso, não basta que sejam incríveis, precisam ser também confiáveis. É o que faz com que o modelo, apesar de vantagens como configuração simplificada e atualização constante de software, seja visto com ressalvas no mercado.
É sempre mais barato manter do que reconstruir uma reputação. Às vezes, vale a pena investir em infraestrutura de TI para garantir a qualidade e a confiabilidade do sistema.
5. Segurança em segundo plano
Se a segurança não for uma prioridade no projeto, é melhor recomeçar do zero para garantir a confiabilidade do serviço e a adoção de medidas de proteção que limitem os eventuais danos em caso de uma invasão por hackers. A lista de boas práticas em cibersegurança é bem conhecida, mas trata-se de um problema que requer atenção constante, uma vez que há sempre novas tecnologias -- e golpes -- surgindo no mercado.
6. Visão limitada de escala
O que importa em projetos de IoT são os dados capturados pelo sistema e o que é feito a partir deles. Por isso, a capacidade de prever a evolução dos volumes coletados e preparar o sistema adequadamente para recebê-los, armazená-los e processá-los ao longo de um período de meses ou anos é fundamental. Um dos problemas mais comuns em projetos de IoT é justamente a pouca atenção dada à questão.
7. Análise simplista de custo
O orçamento de projetos de IoT têm uma série de peculiaridades que não devem ser negligenciadas. O hardware é um dos elementos com maior potencial de variação. Nem sempre economizar centavos em cada dispositivo vale a pena. O que facilita todo o processo é investir em uma pesquisa aprofundada das opções de equipamentos disponíveis, em esforços de planejamento de cada etapa e em um bom design de interação, capaz de identificar características desnecessárias a boa usabilidade dos sistemas.
E, na outra ponta do orçamento, vale a pena ainda considerar custos de atualização e manutenção dos equipamentos e os ganhos que diferentes configurações do IoT poderão trazer na conta final.
8. Prazos irrealistas
São comuns casos em que, por falta de experiência, empresas estimam prazos muito longos ou curtos demais de implantação de projetos de IoT. No segundo caso, a estimativa costuma ser baseada no melhor cenário possível, para facilitar a aprovação. O ideal, para uma estimativa mais realista, é conversar com executivos de empresas que implementaram projetos similares ou com especialistas que possam ajudar no projeto.
Foto: Alan Keler Baldo, Gerente Executivo de Tecnologia da green4T