O épico combate entre Davi e Golias

Saiu barato. A TOTVS em 2008 comprou a DATASUL por R$ 700 milhões, que computou um faturamento no ano anterior de...

Saiu barato. A TOTVS em 2008 comprou a DATASUL por R$ 700 milhões, que computou um faturamento no ano anterior de R$ 224 milhões. Agora, o valor pago foi menor, em torno de R$ 550 milhões, por uma empresa que faturou R$ 425 milhões em 2014. É importante dizer que, naquela época, havia toda uma questão estratégica na aquisição da Datasul e o que estava em jogo era a consolidação do mercado, uma manobra indicativa de valorização da empresa, e por conta disso, o valor pago. Mas em números, a comparação é bastante coerente.

A próxima fronteira. A TOTVS entra com força numa área que até este momento não atuava com tamanha participação e know-how: o mercado de hardware. Numa avaliação de base de clientes, que chega a 26.000 clientes hoje, a empresa pode vislumbrar um potencial gigante de estender ainda mais sua receita e agregar mais valor ao seu portfólio de serviços. E a Bematech traz ainda uma capilaridade muito maior do que a atual rede de franquias e representantes da TOTVS.

Fuga da crise. O incremento de receita advindo do segmento de varejo, que até o momento sente a crise com menor impacto que o setor manufatureiro, por exemplo, é uma manobra para melhorar os resultados financeiros e apresentar balanços satisfatórios aos acionistas.

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É sabido que, na grande maioria dos paises ricos, a área de Serviços e Varejo compreende uma grande parcela do PIB (nos EUA esta fatia representa 79,7% do PIB total). E com a China cada vez mais forte na área industrial, mudar a composição de clientes para Serviços, Agro, Varejo é uma saída inteligente, visto que a produção industrial deve sentir cada vez mais o avanço de gigantes do e-commerce como Alibaba, além de outros que já existem, que facilitam a entrada de produtos manufaturados chineses.

Com a notícia, o mercado brasileiro de software de gestão empresarial torna-se ainda mais uma disputa aparentemente desigual: de um lado, uma gigante  composta agora por um portfólio que inclui software, serviços e agora hardware; e de outro, algumas centenas de empresas menores, cada uma com seu diferencial competitivo.

Mas esta história de desigualdade remete a um fato épico: o combate entre Davi e Golias. E a lição é conhecida por todos há milhares de anos. Mesmo enfrentando um gigante, lembre-se como Davi venceu a batalha: ele aproveitou a única oportunidade que teve. Neste caso se abrem muitas delas, basta só enxergá-la e aproveitar.

Parabéns ao Golias e boa sorte aos Davis.

Editorial: por Marcelo Sinhorini