Não precisava do BIM, mas agora...
Postado porMarcus Granadeiro
em 29/06/2015 em ArtigosAs poucas iniciativas ficaram no âmbito da produção, sendo mais raro encontrar casos no qual o uso do BIM avançou...
As poucas iniciativas ficaram no âmbito da produção, sendo mais raro encontrar casos no qual o uso do BIM avançou dentro dos processos de coordenação, gestão da obra, fiscalização e, após a entrega, como base para os sistemas de manutenção e operação. Arrisco a dizer que as iniciativas de sucesso normalmente foram de empreendimentos de edifícios, em que existia um escritório de arquitetura líder do processo que também modelou e um ?dono? envolvido, interessado e, principalmente, disposto a assumir riscos.
Se todos falam em BIM, por que o BIM não acontece? Quais são então estas barreiras e dificuldades para que o BIM avance no mercado de infraestrutura e deslanche nos projetos maiores e mais complexos? Alguns falam que trata-se de limitação de recursos financeiros, outros colocam pontos como tecnologia e infraestrutura de TI, além de aparecer também como motivo o tradicionalismo do setor.
No meu entendimento, faltava a necessidade do BIM. Estava bom, todos estavam ganhando, o sistema estava funcionando. Assim faltava aos donos das empresas, ao que o mercado chama de ?C Level?, entender o verdadeiro conceito, aplicações e impacto do BIM. Entender como ele pode transformar o mercado, a cadeia produtiva e a empresa. Para tentar exemplificar este potencial transformador, cito aspectos relacionados ao processo de produção e ao produto em si.
Novo processo de produção: de uma maneira muito simplificada a tecnologia vai permitir passar de um processo em série para um processo em paralelo. A engenharia poderá ser desenvolvida em paralelo com a apresentação da documentação, ao passo que hoje o engenheiro trabalha no projeto e normalmente passa para um desenhista, ou projetista, finalizar o detalhamento. Quando houver uma solicitação de revisão não haverá mais necessidade de retrabalho no desenho, pois eles serão atualizados automaticamente. Depois de vencer a curva de aprendizado, o BIM vai impactar no prazo, no custo e na agilidade das empresas.
Novos produtos: com o BIM é possível oferecer novas simulações e estudos, alternativas que hoje não podemos oferecer. Com isso, será possível para uma gerenciadora fazer relatórios associados ao modelo, conhecidos hoje como 4D (três dimensões + planejamento) e 5D (três dimensões + planejamento + custos), incluindo desvios e tendências, indo muito além dos tracionais relatórios em papel. O BIM vai permitir criar diferenciais competitivos para as empresas saírem dos valores commoditizados de projeto e gerenciamento.
No cenário aquecido do mundo pré-Lava Jato era impensável que os sócios e diretores das empresas de engenharia consultiva iriam pensar em se preocupar com o entendimento de uma nova tecnologia e, tão pouco, que parariam para refletir sobre estratégias futuras. O mercado estava muito aquecido, a tecnologia ficava restrita à equipe de produção como uma ferramenta de melhoria marginal e, muitas vezes, encarada como custo. No ambiente de hoje, a tecnologia deve ser entendida como o caminho a ser seguido, pois somente com ela é possível inovar e criar novos valores para continuar crescendo e ?engenheirando?, afinal de contas, esta é a vocação de todo os engenheiros.
* Marcus Granadeiro é presidente da Construtivo.com
Marcus Granadeiro
em 29/06/2015 em Artigos