Muito além dos ERPs: as transformações nas soluções de gestão empresarial
Postado por Francisco Felinto é Diretor de Marketing e Inovação na NFE.io em 27/01/2025 em ArtigosEm um cenário de mudanças tributárias e disrupções tecnológicas, novas tendências se fortalecem, trazendo mais eficiência e flexibilidade para o dia a dia das organizações
Ao mesmo tempo em que o mercado de ERPs se coloca como um importante vetor da inovação no ambiente corporativo brasileiro, o cenário complexo de transformações fiscais capitaneadas, por exemplo, pela Reforma Tributária, e a necessidade de adaptação tecnológica constante por parte das organizações tem imposto desafios e, concomitantemente, aberto espaço para novas tendências em soluções de gestão empresarial.
Lançando um olhar inicial para os desafios, o estudo Benchmark Nacional de ERPs da consultoria Kearney destaca, dentre outros pontos, dificuldades enfrentadas pelas empresas na implementação de sistemas, incluindo a necessidade de customizações excessivas e o alto custo das plataformas para o atendimento das atuais e novas regras tributárias e fiscais, por exemplo.
Ato contínuo, também segundo a consultoria, 72% dos sistemas de gestão em operação no Brasil foram implementados antes de 2017 – ou seja, possuem mais de uma década, fato que reflete uma realidade na qual muitos negócios correm riscos no processo de cumprimento das novas exigências de compliance fiscal e pressiona o mercado de tecnologia rumo a soluções mais ágeis, facilmente integráveis e de custo mais atrativo, considerando quanto maior escala menor o custo por transação, facilitando a jornada de expansão das empresas e otimizando o custo operacional.
No âmbito positivo desse debate, a corrida digital da economia trouxe também possibilidades de comunicação mais fluida entre ERPs e outros softwares podendo ser soluções especialista ou integração com sistemas governamentais seja municipal, estadual ou federal graças a potencialidade das APIs (Interfaces de Programação de Aplicações, em tradução livre) que, hoje, oferece caminhos para a otimização de diferentes processos fiscais, incluindo a emissão de notas, monitoramento de processos e o cálculo de impostos a partir de bases de informação precisas e atualizadas em tempo real, de acordo com as atualizações tributárias do país.
Empresas que adotam essa abordagem conseguem realizar integrações que facilitam, por exemplo, a emissão e consulta de notas fiscais eletrônicas e de atualizações tributárias, além da própria conexão com o Fisco - que, aliás, também vem investindo na tendência de APIs para melhorar a comunicação entre o ambiente de dados dos municípios, estados, das empresas e dos entes conveniados com o Ambiente de Dados Nacional (ADN).
Não por acaso, estamos falando de uma tendência que não para de crescer no Brasil e no mundo: segundo relatório da Data Bridge Market Research, já em 2022, o mercado de APIs de gestão movimentou US$ 3,7 bilhões em todo o mundo, devendo se expandir exponencialmente na casa de 31% ao ano até 2030, quando pode atingir mais de US$ 32 bilhões em investimentos globalmente.
Tal avanço dialoga com a já citada necessidade crescente que empresas de diferentes setores vem enfrentando para integrar e automatizar suas operações, representa ainda uma disrupção significativa no segmento de ERPs que devem, mais do que nunca, se atualizar para que sejam capazes de abarcar a conexão com plugins, bases de dados e APIs de modo mais flexível, trazendo mais praticidade e governança para o dia a dia das empresas.
Com tudo isso, é possível afirmar ainda a necessidade de um protagonismo das próprias empresas na atualização de seus sistemas, de modo que sejam capazes de usufruir de novas oportunidades para otimizar suas operações, reduzir custos, aumentar a segurança e a eficiência diante das demandas fiscais e regulatórias do Brasil.
A reforma tributária em curso, como vimos, traz camadas de urgência para essa jornada, ao passo que as APIs são trunfos decisivos para as organizações do país que buscam se diferenciar e crescer com segurança em um ambiente profícuo de transformações que, sem dúvidas, traz muitos desafios, mas também impulsiona tendências capazes de elevar o patamar de compliance, reduzir riscos operacionais e eficiência na gestão tributária e empresarial.