LGPD: Sobre receitas prontas e propostas milagrosas
Postado por André Campanholo, COO para a América Latina da FIS em 27/01/2021 em ArtigosDesde setembro do último ano, com a entrada em vigor da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), negócios de todos os portes e setores tiveram que se adaptar para lidar corretamente com os dados pessoais não apenas de seus clientes, mas também de funcionários e fornecedores.
E com o Ministério Público e os órgãos de defesa do consumidor já fiscalizando e autuando empresas que estejam à margem da legislação, muitos negócios estão correndo contra o tempo para colocar a casa em dia. Com a necessidade de estar em conformidade com a LGPD, surgiram no mercado ofertas de consultorias e de soluções milagrosas que podem se revelar, ao final, verdadeiras armadilhas.
É preciso avaliar com cautela o que vem sendo oferecido por aí, conhecer as credenciais e a experiência do seu fornecedor e entender exatamente o que está sendo ofertado, versus a necessidade da empresa para sua adaptação à LGPD.
Para auxiliá-lo neste processo, que envolve uma série de detalhes e requer a participação de uma equipe multidisciplinar de confiança, confira alguns pontos que podem ajudá-lo a desvendar a LGPD e, desta forma, preservar o seu negócio.
1 - “Adequação em 24 horas”
A LGPD é uma legislação nova e complexa, sendo assim, é impossível se adequar a ela em apenas um dia. Operar em conformidade com a nova norma exige uma jornada que inclui conhecimento da lei, mapeamento e classificação dos dados que estão sob sua guarda, mapeamento dos processos e sistemas da empresa, identificação das informações sensíveis, sua finalidade e como são guardadas estas informações.
Esse processo não pode ser feito em curto prazo, pois requer mudanças em diversas áreas, processos e sistemas da organização, inclusive na cultura interna, o que leva tempo e demanda esforços de vários profissionais, como você pode imaginar.
2 - “Receita pronta”
O seu negócio possui características únicas, desafios, objetivos e necessidades que são diferentes das necessidades do seu parceiro ou concorrente. Da mesma forma, a LGPD tem desdobramentos diferentes dependendo do tipo de negócio da empresa e da natureza das informações que ela coleta e guarda.
Por isso, a ideia de que exista uma fórmula única que possa ser seguida por qualquer tipo de organização não poderia estar mais errada. Soluções milagrosas e adotadas rápido demais não preparam as empresas para operar de acordo com a lei e podem ter impacto negativo no curto e no longo prazo, já que são ineficientes e incompletas, deixando seu negócio vulnerável.
3 - “A LGPD é responsabilidade da área de TI”
A equipe responsável pela conformidade da empresa à LGPD não deve estar limitada à equipe de TI. Conhecimentos sobre segurança da informação, privacidade e governança de dados são necessários, assim como conhecimentos legais, de processos internos e do negócio em si. Dessa maneira, o ideal é que o time seja multidisciplinar para dar conta das complexidades do processo de adequação à lei e da gestão de dados que passará a ser regida pela LGPD.
4 - “A LGPD é um gasto sem retorno”
A conformidade com a LGPD não é apenas uma questão de se “enquadrar na lei”, mas também de reforçar o relacionamento com os clientes e se diferenciar no mercado. Quanto maior a percepção por parte do cliente em relação à transparência da empresa e ao cuidado no trato de suas informações, maior a probabilidade de aceitar compartilhar seus dados e seguir fazendo negócios com a companhia.
Exemplos de empresas que tiveram sua credibilidade abalada em razão do mau uso de dados são frequentes no noticiário. O respeito às normas da LGPD será um diferencial importante para atuar no mercado brasileiro