Interoperabilidade: a base para sustentabilidade no setor de saúde
Postado porLuciano de Oliveira
em 28/06/2017 em ArtigosPorém, ainda falta uma adesão maior. É necessário que todas as partes envolvidas sigam à risca os padrões de interoperabilidade. Por...
Porém, ainda falta uma adesão maior. É necessário que todas as partes envolvidas sigam à risca os padrões de interoperabilidade.
Por exemplo, em relação ao armazenamento eletrônico de informações dos pacientes, a pesquisa TIC Saúde 2015 - estudo mais recente sobre o tema conduzido pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) - indica que apenas 16% das instituições de saúde registram dados somente por meio eletrônico; 59% parcialmente em papel e o restante digital e 24% utilizam exclusivamente o papel. Esses resultados mostram que o desafio é enorme porque uma das premissas para haver interoperabilidade é ser paperless.
O uso de sistemas de gestão também não é animador. Dentro dos estabelecimentos, os softwares não se integram e existe a duplicação de informações, o que pode levar a custos ainda maiores. Anteriormente, existia a figura do médico de família que conhecia todo o seu histórico. Hoje, isso mudou, são profissionais especializados em cada parte do corpo humano. O cuidado foi pulverizado em diversas áreas e não é mais possível analisar a figura completa do doente. São muitos players usando diferentes plataformas e gerando informações descentralizadas.
Os avanços da medicina e o aumento na expectativa de vida também estão impulsionando um debate mais amplo sobre a interoperabilidade. O brasileiro está vivendo 40 anos a mais nas últimas 11 décadas. Se em 1900, a média de vida era de 33,7 anos, hoje chega a 75,4. Isso criou um desafio e uma oportunidade para todos os envolvidos no setor de saúde: gerenciar informações relevantes para a qualidade de vida de uma população que vive cada vez mais e, ao mesmo tempo, mitigar custos decorrentes desse aumento.
Além disso, vivemos uma forte tendência da medicina focada no bem-estar do indivíduo e na prevenção de doenças. Todos esses pontos ? administrar dados, reduzir despesas e precaver enfermidades ? são complementares e se apoiam nas ferramentas tecnológicas para que possam, efetivamente, levar benefícios reais à população. Porém, a informação precisa ser útil não só para a saúde do paciente, mas também para a gestão da instituição. Para mudar esse cenário é importante engajar gestores, médico, enfermeiros e os próprios usuários do sistema de saúde.
A tecnologia que possibilitará isso já existe ? com big data, mobilidade e inteligência artificial. O próximo passo é que o Governo, desenvolvedoras e operadores de saúde se unam para definir uma plataforma comum, que integre as informações e forneça dados relevantes aos players, para que, então, desenvolvam estratégias sólidas com objetivo de alcançar a verdadeira sustentabilidade do setor.
Luciano de Oliveira
em 28/06/2017 em Artigos